Com o aumento crescente na incidência de obesidade e diabete, muito se tem pesquisado sobre a contribuição de outros fatores além da genética. Estudos recentes (últimos 6 anos) têm sugerido, a partir de experimentos realizados em animais, a importância da composição alterada assim como da diversidade da microbiota do intestino na predisposição à obesidade e diabete.
Em relação à microflora intestinal, é provável que a sua composição difira entre indivíduos magros e obesos. Nascemos com um tipo de microflora que tende a permanecer relativamente constante no decorrer da vida. Fatores como tipo de alimentação, doenças e o ambiente, entretanto, podem interferir na composição da flora.
A microflora intestinal é importante para facilitar a extração de calorias dos alimentos e posterior armazenamento no tecido adiposo. Pacientes com obesidade poderiam absorver de forma mais pronunciada os nutrientes após uma refeição em relação aos pacientes magros devido à composição alterada da flora intestinal.
Em um estudo realizado com ratos, aqueles criados convencionalmente ganharam mais massa gorda (40% a mais) em comparação aos camundongos criados sem a flora intestinal (criados em laboratório) mesmo sem aumento da ingestão calórica diária. O aumento na composição de gordura corporal foi associado ao aumento da resistência insulínica, síndrome metabólica e diabete melito.
Estudos avaliando o tratamento com antibióticos têm mostrado uma redução na incidência de diabete em ratos obesos suscetíveis, provavelmente por reduzir a inflamação gerada por determinados tipos de bactérias que levam ao dano das células do pâncreas (órgão que produz insulina).
Também, a administração de probióticos (microrganismos vivos não patogênicos com efeitos benéficos, por exemplo, os lactobacilos) a roedores levou à perda de peso sem redução do consumo calórico.
Importante salientar que não está claro se as diferenças encontradas entre a microflora de indivíduos magros x obesos são a causa ou a consequência da obesidade.
Além disso, permanece a dúvida se esse aumento na extração calórica é clinicamente relevante sobre o ganho de peso e, ainda, se a microflora é capaz de modificar de forma significativa o metabolismo energético em humanos.
Fonte: Impact of the gut microbiota on the development of obesity and type 2 diabetes mellitus. Front Microbiol. 2014 Apr 29;5:190.
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