A biomassa de banana verde consiste na polpa da banana verde, que é um amido resistente, ou seja, resistente à digestão no intestino, com efeito semelhante às fibras solúveis que auxiliam na redução dos níveis de colesterol.
As fibras solúveis encontradas, em sua maioria, nas frutas, na aveia e nas leguminosas (feijão, grão de bico, lentilha e ervilha), têm papel principal no controle do colesterol, pois reduzem a absorção intestinal de gorduras.
Já as fibras insolúveis (presentes nos grãos e nas hortaliças, principalmente) aumentam a saciedade, auxiliando na redução da ingestão alimentar.
A biomassa de banana verde tem despertado crescente interesse científico tanto pelas suas propriedades nutricionais quanto pelo achado de uma quantidade elevada de amido resistente, um composto funcional que tem demonstrado benefícios sobre o perfil glicêmico e lipídico.
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, é considerado funcional todo alimento que, além de suas funções nutricionais básicas, produz benefícios fisiológicos e/ou reduz o risco de doenças crônicas.
Conforme estudos prévios, a ingestão de 25 a 30 gramas de biomassa de banana verde (equivalente a 1 colher e meia de sopa) foi associada à melhora na sensibilidade à ação da insulina, redução da glicemia de jejum e da glicemia pós-prandial em ambos os indivíduos com e sem diabetes tipo 2.
Ademais, a inclusão na dieta da biomassa e da farinha de banana verde, ambas ricas em amido resistente, tem sido associada à redução dos níveis de colesterol LDL (lipoproteína de baixa densidade, colesterol ruim) e de triglicerídeos em estudos com roedores.
Além dos benefícios demonstrados sobre o perfil glicêmico e lipídico, de acordo com um estudo recente, indivíduos com obesidade e diabetes tipo 2 que ingeriram regularmente a biomassa de banana verde perderam mais peso (aproximadamente 1,2 kg) em relação ao grupo controle.
Estipula-se que o efeito do amido resistente sobre a redução de peso seja multifatorial, destacando-se o aumento da saciedade e consequentemente redução da ingestão alimentar e a modulação de hormônios intestinais, principalmente o GLP1 e o peptídeo YY, hormônios responsáveis pela saciedade.
Como um ingrediente alimentar, tanto a biomassa quanto a farinha de banana verde possuem baixíssimo valor calórico. Como exemplo, 40 gramas de biomassa de banana verde (equivalente a 2 colheres de sopa) contêm apenas 36 kcal!
A biomassa de banana verde pode ser incorporada a uma ampla variedade de receitas (pães, massas, bolos, sucos, dentre outros), tendo em vista não possuir sabor residual, não alterar a aparência geral nem o sabor dos alimentos.
Embora incipiente, os dados disponíveis até o momento são animadores e sugerem que tanto a biomassa quanto a farinha de banana verde apresentam propriedades nutricionais e funcionais com grande potencial para a indústria de alimentos.
Além disso, por não modificarem a textura e/ou o sabor dos alimentos, sua adição como ingrediente na preparação de uma série de produtos contribuirá para a redução do índice glicêmico do alimento (isto é, velocidade de absorção após o consumo), o que é especialmente importante em pacientes com diabetes e obesidade.
Ainda, o baixo custo e a grande disponibilidade da fruta na forma in natura em todo território nacional durante todo o ano torna esse alimento nutritivo de fácil acesso à maioria da população.
Por fim, importante ressaltar que nenhum alimento isoladamente é capaz de promover a perda de peso e/ou melhora do perfil lipídico e glicêmico. Os potenciais benefícios acima descritos devem ser ponderados num contexto de hábitos alimentares saudáveis associado à prática regular de atividade física.
OBS: Na foto acima, no canto superior direito, a biomassa foi produzida em casa. No canto inferior direito, a biomassa foi adquirida comercialmente.
Referências
1. Effects of Acute Ingestion of Native Banana Starch on Glycemic Response Evaluated by Continuous Glucose Monitoring in Obese and Lean Subjects. Int J Environ Res Public Health. 2015 Jul; 12(7): 7491–7505.
2. Effects of native banana starch supplementation on body weight and insulin sensitivity in obese type 2 diabetics. Int J Environ Res Public Health. 2010 May;7(5):1953-62
3. Resistant starch as functional ingredient: A review. Food Research International. 2010 May;43(4):931-942
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