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A obesidade vem sendo associada a um maior risco de asma tanto em crianças quanto em adultos desde a década de 80 quando os primeiros estudos mostraram uma relação entre ambas.

 

Pacientes com asma que desenvolvem obesidade apresentam mais sintomas, crises mais frequentes, inclusive com maior necessidade de hospitalização, e menor resposta terapêutica para controle da asma, resultando em piora da qualidade de vida. Além disso, a asma não controlada pode predispor ao ganho de peso por promoção ao sedentarismo e pela maior frequência de uso de corticoide para controle da doença.

 

Conforme uma revisão publicada em 2007 com mais de 330.000 indivíduos avaliados, o risco de asma foi progressivamente maior conforme o excesso de peso. Indivíduos com sobrepeso apresentaram um risco 50% maior e entre aqueles com obesidade 90% maior de desenvolver asma quando comparados àqueles com peso normal.

 

Mas quais os mecanismos envolvidos nesta relação entre excesso de peso e asma?

 

A obesidade, por ser uma doença associada a um estado de maior inflamação sistêmica, contribui para o aumento da inflamação das vias aéreas, mecanismo descrito na asma.

Além disso, o excesso de tecido adiposo localizado no tórax e abdome, limita a expansibilidade pulmonar, ocasionando redução do volume pulmonar, da capacidade pulmonar total, aumento do broncoespasmo (hiper-reatividade das vias aéreas), maior rigidez pulmonar e piora da relação ventilação-perfusão pulmonar.

Além destes mecanismos, é possível que comorbidades frequentemente associadas à obesidade, como o refluxo gastroesofágico e a apneia do sono, possam exacerbar ou dificultar o controle da asma.

 

Em relação ao manejo de pacientes com a associação asma - obesidade, uma perda modesta de 5 a 10% do peso corporal é suficiente para induzir melhora dos sintomas e da qualidade de vida dos pacientes asmáticos.

 

Estudos em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica mostram uma redução significativa na taxa de exacerbações da asma, podendo chegar a 60% de redução após perdas maiores de peso. Esta redução está relacionada aos efeitos na mecânica pulmonar e reatividade das vias aéreas ocasionada pela redução da gordura localizada. É provável também que, como a obesidade está associada a piores desfechos relacionados a infecções virais e bacterianas, como pneumonia bacteriana e influenza, e à resposta prejudicada à vacinação contra influenza, uma perda significativa de peso possa reduzir o risco de certas infecções que precipitam as exacerbações da asma.

 

Em resumo, a obesidade pode coexistir em indivíduos com asma, a asma pode predispor à obesidade e a obesidade pode piorar o curso clínico da asma. A maioria dos estudos sugere que o desenvolvimento de obesidade em indivíduos com  asma modifica a evolução da doença, aumentando a sua gravidade e reduzindo a resposta ao tratamento.

 

 

IMC (kg/m²) = índice de massa corporal = peso (kg) pelo quadrado da altura (m) 

- IMC entre 25 a 29,9 kg/m² à sobrepeso

- IMC maior ou igual a 30 kg/m² à obesidade

 

Referências

1. Obesity and asthma: beyond TH2 inflammation. Metabolism Clinical and Experimental. 2015 (64): 172–81.

2. Obesity and asthma. J Allergy Clin Immunol. 2018;141(4):1169. 

3. Overweight, obesity, and incidente asthma: a meta-analisys of prospective epidemiologic studies. Am J Respir Crit Care Med. 2007 Apr 1;175(7):661-6.

4. Risk of an asthma exacerbation after bariatric surgery in adults. J Allergy Clin Immunol. 2015 Aug;136(2):288-94.

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