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O ganho de peso é um efeito adverso que pode ocorrer com o uso de medicações para tratamento de problemas psiquiátricos, destacando-se a classe dos antidepressivos e antipsicóticos. Alguns antidepressivos podem causar desde um discreto aumento do peso a um ganho superior a 10% do peso inicial em indivíduos suscetíveis.

Vale ressaltar que este efeito indesejável sobre o peso não está relacionado à efetividade do antidepressivo, podendo ocorrer com diferentes doses e também em indivíduos em uso destas medicações para tratamento de outros transtornos, como dores neuropáticas e distúrbios de ansiedade.

 

São vários os mecanismos responsáveis pelo ganho de peso, sendo o principal o aumento do apetite e consequentemente uma maior ingestão de alimentos mais palatáveis, isto é, aqueles com maior teor de açúcar e gordura.

Alguns antidepressivos causam também uma sensação de boca seca e consequentemente maior ingestão de líquidos, especialmente bebidas açucaradas, associadas a maior adiposidade visceral (obesidade abdominal), piora do perfil lipídico e maior resistência insulínica.

Por fim, uma redução do metabolismo tem sido descrita com o uso dos tricíclicos, uma classe mais antiga de antidepressivos.

 

Apesar de todos estes mecanismos contribuírem para o ganho de peso, o efeito exato do antidepressivo sobre o peso é difícil de quantificar uma vez que o distúrbio psiquiátrico em si pode causar alterações no apetite. Além disso, indivíduos com problemas psiquiátricos podem fazer menos exercícios e serem menos ativos nas suas atividades rotineiras pela sua condição em si, contribuindo para o ganho de peso.

 

Em síntese, deve-se, sempre que possível, dar preferência à prescrição de antidepressivos com efeito neutro ou mesmo que contribuam para perda de peso em indivíduos com sobrepeso ou obesidade. 

O ganho de peso observado no início do tratamento é um forte preditor de ganho no longo prazo. Dessa forma, recomenda-se reavaliar o tratamento quando houver um aumento do peso superior a 5% após o primeiro mês. Não sendo possível a troca da medicação,  medicações que auxiliem no controle do apetite / saciedade podem ser associadas ao esquema atual. Por isso, o acompanhamento com um médico endocrinologista é fundamental nestes casos.

Além disso, intervenções não farmacológicas para prevenção e manejo do peso em indivíduos de risco, incluindo aconselhamento dietético, programas de exercícios e estratégias cognitivas-comportamentais, devem ser sempre estimuladas.

 

Referência:

Drug‑induced obesity and its metabolic consequences: a review with a focus on mechanisms and possible therapeutic options. J Endocrinol Invest. 2017 Nov;40(11):1165-1174

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