Diversas medidas antropométricas, como a circunferência da cintura, o índice de massa corporal (IMC) e a relação da cintura-quadril, têm sido testadas com o objetivo de estimar a gordura total e, com isso, avaliar o risco de doenças, sobretudo doença cardiovascular e diabetes.
O mais amplamente utilizado na prática clínica é o IMC, que leva em consideração o peso (kg) pela altura (m) ao quadrado, por ser simples e fácil de calcular. O IMC em geral apresenta uma boa correlação com o risco de outras doenças associadas ao excesso de peso, como diabetes tipo 2, fígado gorduroso, apneia do sono, doença cardiovascular, dentre outras.
O IMC, entretanto, tende a ser menos preciso em determinados grupos de pacientes, como em idosos, em que a perda de massa muscular relacionada à idade (sarcopenia) pode levar à subestimação do percentual de gordura, e em indivíduos musculosos que normalmente apresentam um IMC mais elevado, mas às custas de massa magra.
Uma outra limitação do IMC é não refletir a distribuição da gordura corporal. Para indivíduos com excesso de peso, a localização do excesso de gordura é importante na estimativa de risco deste indivíduo.
É sabido que o risco de doenças como infarto do miocárdio, hipertensão arterial, doença hepática gordurosa e diabetes, está intimamente relacionado à quantidade de gordura abdominal (visceral ou central), independentemente da gordura corporal total. Dessa forma, indivíduos com o mesmo IMC podem apresentar percentuais diferentes de gordura visceral com consequente risco cardiometabólico distinto.
Por isso, a adição da medida da circunferência da cintura, que é a medida do maior perímetro abdominal entre a última costela e a crista ilíaca, fornece informações adicionais preditivas de saúde. Entretanto, o risco pode ficar super ou subestimado para indivíduos com a mesma cintura, mas que diferem em altura.
Diante desta constatação, diversos estudos têm avaliado a relação entre a circunferência da cintura pela altura (razão cintura-altura), como uma ferramenta que leva em consideração a diferença de altura entre os indivíduos.
Uma revisão, incluindo 78 estudos, comparou a razão cintura-altura com a circunferência da cintura e o IMC como preditores de doença cardiovascular (infarto, AVC, hipertensão e mortalidade geral) e diabetes. Os resultados mostraram que a razão cintura-altura aumentada, ou seja, maior ou igual a 0,5, foi superior à medida da circunferência da cintura e do IMC para detecção dos desfechos acima descritos, tanto em homens quanto em mulheres.
Ainda, um estudo publicado recentemente mostrou que a razão cintura–altura aumentada foi associada a um risco 3 vezes maior de hipertensão arterial em mulheres.
Portanto, a medida da relação cintura-altura é uma ferramenta de fácil aplicação na prática clínica, que não varia conforme o sexo, idade ou etnia, correlacionando-se bem com a quantidade de gordura abdominal e consequentemente com os riscos associados à maior adiposidade visceral.
Referências:
1.Ratio of waist circumference to height may be better indicator of need for weight management. BMJ 1996; 312, 377.
2. Waist-to-height ratio is a better screening tool than waist circumference and BMI for adult cardiometabolic risk factors: systematic review and meta-analysis. Obesity Reviews (2012) 13, 275–286
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