O câncer de mama é o segundo tipo mais frequente de câncer no mundo e o mais comum entre as mulheres, representando a maior causa de morte por câncer nos países em desenvolvimento, tais como o Brasil. No Brasil, o câncer de mama responde por cerca de 25% dos novos casos de câncer a cada ano, sendo o tipo mais frequente nas mulheres da Região Sul do país.
Além dos fatores de risco clássicos, como envelhecimento, fatores relacionados à vida reprodutiva da mulher, tais como idade da primeira menstruação menor do que 12 anos, menopausa após os 55 anos, mulheres que não tiveram filhos ou primeira gestação após os 30 anos, história familiar de câncer de mama, fatores relacionados ao estilo de vida, tais como consumo excessivo de álcool, sedentarismo e alimentação inadequada são considerados agentes potenciais para o desenvolvimento desse câncer, conforme sumarizado na tabela abaixo:
Da mesma forma, o ganho de peso durante o climatério (período de transição para a menopausa) e após a menopausa são considerados fatores de risco para o surgimento do câncer de mama.
Uma série de estudos sobre o risco de câncer de mama e o índice de massa corporal (IMC) mostrou que, para cada aumento em 5 kg/m² no IMC, um indicador de excesso de gordura geral, ocorreu um aumento de 12% no risco de câncer de mama em mulheres após a menopausa.
Conforme estudos prévios, mulheres que ganharam 10 kg ou mais após a menopausa tiveram um risco 1,18 vezes maior de câncer de mama quando comparadas àquelas que mantiveram seu peso normal.
O mecanismo proposto para o aumento do risco nestas mulheres parece ser a inflamação crônica sistêmica, alterações hormonais e metabólicas, além do excesso de estrogênios endógenos oriundos do excesso de tecido adiposo.
Em relação ao aumento da circunferência da cintura e o risco de câncer de mama, uma revisão incluindo 15 estudos avaliou o risco de câncer tanto em mulheres na pré- como aquelas após a menopausa, levando em consideração também o IMC atual.
Os resultados mostram um aumento de 5% no risco de câncer de mama para cada aumento de 10 cm na circunferência da cintura para mulheres em idade reprodutiva e um aumento de 9% para aquelas na menopausa.
É provável que a circunferência abdominal seja um melhor preditor de risco de câncer de mama do que o IMC em si, tendo em vista ser a gordura visceral (ou abdominal) a principal fonte de marcadores inflamatórios e distúrbios hormonais responsáveis pelo surgimento do câncer.
Por outro lado, a prática regular de exercícios físicos combinada a uma alimentação saudável, com a manutenção do peso corporal, parece reduzir em aproximadamente 30% o risco de desenvolver câncer de mama assim como parece melhorar a sobrevida de mulheres em tratamento contra o câncer de mama!
Referências:
1. Inca 2018: http://www1.inca.gov.br/estimativa/2018/
2. Adult weight change and risk of postmenopausal breast cancer. JAMA. 2006;296(2):193.
3. American Cancer Society: https://www.cancer.org/cancer/breast-cancer/risk-and-prevention/breast-cancer-risk-factors-you-cannot-change.html
4. Central obesity and risks of pre- and postmenopausal breast cancer: a dose–response meta-analysis of prospective studies. Obes Rev. 2016 Nov;17(11):1167-1177
Tanto a obesidade quanto o excesso de gordura visceral (abdominal) constituem fator de risco estabelecido para uma série de complicações como hipertensão, diabete, doença hepática gordurosa, aumento dos níveis de colesterol, dentre outras.
Diversos estudos têm mostrado uma clara associação entre obesidade com determinados tipos de câncer. Além disso, a obesidade pode piorar a evolução da doença em pacientes com excesso de peso. O mecanismo subjacente a esse aumento de risco não está completamente elucidado; postula-se que a inflamação crônica e persistente que ocorre em indivíduos assintomáticos com excesso de peso assim como a resistência à ação da insulina, também mais comum em pacientes com obesidade, possam estar implicados no processo.
Recentemente um grande estudo populacional investigou a associação entre o índice de massa corporal (IMC*) com o risco de câncer em homens e mulheres adultos no Reino Unido.
Foram mais de 5 milhões de pacientes acompanhados entre 1987 a 2012.
O IMC foi associado a um maior risco de câncer em 17 dos 22 tipos de câncer analisados.
Para cada aumento em 5 kg/m² no IMC houve um aumento linear no risco de câncer de colo de útero, bexiga, rim, tireoide e leucemia.
Conforme dados desse estudo, 41% dos cânceres de colo de útero e pelo menos 10% dos cânceres de bexiga, rim, fígado e cólon poderiam ser atribuídos ao excesso de peso.
Um aumento de apenas 1 kg/m² no IMC, mesmo em pacientes com IMC dentro da faixa considerada normal, poderia resultar em um adicional de 3790 novos casos de câncer por ano.
Esses dados reforçam a necessidade de se manter um peso saudável, mesmo quando todos os exames de rotina são considerados “normais” em pacientes com excesso de peso.
Fonte: Body-mass index and risk of 22 specifi c cancers: a population-based cohort study of 5・24 million UK adults. Lancet 2014; 384: 755–65
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