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Quinta, 17 Setembro 2015 13:25

A quais mudanças as estações do ano nos convocam? Destaque

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Sempre achei Setembro um mês encantador! É o mês da primavera, a chegada de dias quentes, as pessoas se vestem com mais leveza e cor, as árvores da cidade florescem e fica no ar um cheirinho de boas novas! Passou Agosto o mês do desgosto, o mês mais longo do ano e agora nos preparamos para ser feliz!! Uma ideia que reaviva e re(acende) a esperança e as expectativas de que o que esta por vir pode ser melhor.

Isto provoca algo de diferente e comum ao mesmo tempo. As pessoas começam a se preocupar mais com o corpo, com a alimentação; as academias começam a receber novos alunos, as estéticas começam a oferecer pacotes milagrosos que prometem a mágica tão esperada: “corpos enxutos, soluções detox”, dentre outros. Tudo para modificar o corpo e, como se fosse pouco, a demanda é de que seja “rápido”! Esse é o “comum”, o conhecido!

E o que tem de diferente em tudo isso? “Ah, esse ano vai ser diferente”, é o que dizem. As pessoas assumem a promessa consigo mesmo de iniciar uma atividade física, resgatar a dieta guardada lá no fundo da gaveta, beber mais água e marcar a revisão no ginecologista, cardiologista, dentre outros! Cada um tem seus desejos e metas e sabem bem onde é que o sapato ou a roupa aperta!

Ok, vamos lá. O diferente está em tornar essas mudanças efetivas e duradouras. Cuidar da saúde deveria ser fácil como escovar os dentes. Comer bem e saudável, ter uma rotina de exercícios, momentos de lazer e descanso são hábitos necessários para quem quer viver mais e melhor, mas conjugar tudo isso não é tarefa simples, especialmente quando se trata de problemas relacionados ao sobrepeso e ä obesidade.

Concordo que essa onda de calorzinho, verão se aproximando ativa algo nas pessoas que saem da zona de conforto e, de certa forma, provoco isso através do meu trabalho, da minha escuta, mas tenho notado que este esforço feito para emagrecer, para adquirir condicionamento físico e massa magra, hábitos alimentares e disciplina, toda essa mudança, para muitos, é temporária. A rapidez desejada fica no sentido do tempo que retrocede rápido demais e: “quando eu vi já estava assim, de novo”!

A curto e médio prazo, esses pacientes voltam a engordar, retomam velhos hábitos e sucumbem äs tentações. O gordo em muitos casos é visto como preguiçoso e tem seu problema associado ä falta de vontade, desleixo, afinal de contas são muitos os fatores envolvidos, coadjuvantes por traz deste protagonista tão cruel. Aparecem então o desânimo, a sensação de fracasso, autoestima baixa e os quilos a mais.

O emagrecimento é o início da caminhada, é essa insatisfação que dá inicio a desacomodação, a inquietação desorganiza o funcionamento conhecido para (re)organizar a vida de outra forma, de uma forma mais leve e equilibrada. Mas se ao final do processo voltam ao mesmo denominador comum, retornam ao estado em que estavam isso não é mudança, é repetição. No meio do filme ficam com a sensação de que já assistiram aquela cena, afinal de contas a historia é muito conhecida e o final já sabem qual é.

Em 1917, Freud ocupado em pontuar as diferenças entre o tratamento da hipnose e o tratamento analítico, escreveu algumas Conferencias na tentativa de discutir o método analítico. Dentre tantos aspectos relevantes escolhi tomar para reflexão o motivo pelo qual ele abandonaria a sugestão direta (hipnose) e quais os fatores que o fizeram tomar esta decisão. Freud observou que tal tratamento levava o paciente a solução rápida, aliviava suas dores sem causar-lhes grandes dificuldades, proibia o sintoma de existir, mas não lhes dava conhecimento sobre sentido e significado e em pouco tempo os sintomas voltavam a atormentar o sujeito. Elencou duas diferenças importantes: ao primeiro utilizando-se de “sugestões” agia como “cosmético” e o segundo e o que ele estava propondo, tratamento analítico, agia como uma “cirurgia”, no sentido de causar impacto e diferença nos processos que levaram à formação daqueles sintomas. Estou convencida cada dia mais que, aliado a todos os tratamentos indicados e oferecidos para cada caso, é indicado que o sujeito esteja disposto a submeter-se à “cirurgia” psíquica.

As pessoas que me procuram buscam soluções para o peso físico, descobrem com o passar do tempo outro “peso”, o peso das emoções, frustrações, dos desejos reprimidos, das suas dores. Para esse peso não há medicamento ou tratamento rápido e mágico capaz de eliminar os excessos, mas há tratamento psicológico capaz de proporcionar questionamentos, conhecimento ao sujeito para possa se implicar e se libertar no sentido de ser “senhor” de si mesmo. O olhar para dentro, requer tempo, investimento e cuidado, e Freud também afirmava que: “nada é tão caro quanto a doença e a estupidez”, estupidez no sentindo de desconhecer-se!

Os motivos podem ser vários: a chegada de uma estação do ano, o calor, uma festa, formaturas, casamentos, aquela roupa que vai ter que ”entrar”, o biquíni... seja qual for o seu motivo, você é muito mais que isso! As pessoas buscam soluções e motivos do lado de fora, no entanto as respostas estão dentro! E se ainda não encontraram a resposta talvez porque ainda não tenham submetida a devida “cirurgia”!

Autora: Fabiana Alves Pereira CRPRS 07/20146

Psicóloga, Psicanalista em Formação pela Sigmund Freud Associação Psicanalítica

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