A obesidade, definida pelo índice de massa corporal (IMC) maior ou igual a 30 kg/m², apresentou um crescimento mundial alarmante de 27,5% nas últimas três décadas.
A origem em latim da palavra obesidade - obedere (construída de ob, para mais, excesso e edere, para comer), que literalmente significa "comendo em excesso", descreve adequadamente esse desequilíbrio entre a ingestão e o gasto energético.
A obesidade é uma doença crônica e multifatorial, influenciada por fatores genéticos e ambientais. Seu início ocorre principalmente pelo baixo gasto energético (sedentarismo ou pouca atividade física) combinada com uma maior ingestão calórica (sobretudo de alimentos altamente palatáveis e densamente energéticos, como fast foods e alimentos ultraprocessados), levando a um acúmulo de gordura no tecido adiposo, maior inflamação no organismo, desequilíbrio hormonal e resistência insulínica.
Atualmente, o Brasil é o 5º país com maior número de pacientes obesos, perdendo apenas para os EUA, China, Índia e Rússia.
Conforme o último levantamento nacional, cerca de 18% da população brasileira apresenta obesidade.
O excesso de peso está associado a uma série de doenças (comorbidades), como diabetes tipo 2, apneia do sono, doença cardiovascular, diversos tipos de câncer, dentre outros (conforme figura acima).
Mesmo nos indivíduos assintomáticos e com exames normais - denominados erroneamente de "gordinhos saudáveis", o risco de morrer pelo excesso de peso é cerca de 24% maior em relação a indivíduos com peso adequado.
Sabe-se que a obesidade está associada a uma redução na expectativa de vida proporcional ao excesso de peso. Como exemplo, um paciente com IMC igual ou maior a 35 kg/m² apresenta uma redução entre 3 a 4 anos de vida pelo excesso de peso. Essa redução pode ser ainda maior para aqueles com IMC maior do que 40 kg/m², chegando a 6 anos a menos de vida!
Conforme a Organização Mundial da Saúde, a obesidade ocupa a 5ª posição nas causas de morte em geral.
Em relação ao diabetes tipo 2, mais de 90% destes pacientes apresentam obesidade. Cabe ressaltar que as curvas de tendência da obesidade têm crescido em paralelo às do diabetes.
A infertilidade pelo excesso de peso é outro problema que acomete tanto homens quanto mulheres. Mulheres acima do peso apresentam uma redução de quase 20% nas chances de engravidar durante um ano, quando comparadas às mulheres com peso adequado.
A obesidade, portanto, deve ser vista como a principal doença responsável pelo surgimento de diversas comorbidades, sobretudo diabetes tipo 2, doença cardiovascular e câncer. Mesmo em indivíduos sem quaisquer queixas e com exames de rotina normais (o mito do gordinho saudável) o risco de adoecer pela doença é muito maior do que pacientes com um peso saudável.
Embora a obesidade não tenha cura, seu manejo adequado é capaz de reduzir e muitas vezes de resolver a maioria das comorbidades acima descritas.
Então, reveja suas escolhas, eleja novas prioridades e coloque sua saúde em primeiro lugar!
Fontes:
1. Global, regional, and national prevalence of overweight and obesity in children and adults during 1980-2013: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2013. Lancet. 2014 Aug 30;384(9945):766-81
2. VIGITEL 2014. http://www.endocrino.org.br/media/uploads/PDFs/ppt-vigitel-2014-.pdf
3. Are metabolically healthy overweight and obesity benign conditions?: A systematic review and meta-analysis. Ann Intern Med. 2013 Dec 3;159(11):758-69
4. Years of Life Lost Due to Obesity. JAMA. 2003;289(2):187-193
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