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Quinta, 22 Março 2018 14:42

Promovendo escolhas saudáveis desde o início da vida Destaque

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Impressiona como ainda hoje muitos pais ficam em dúvida se podem introduzir alimentos integrais aos filhos por serem crianças.

Tendo em vista a epidemia de crianças com excesso de peso e a grande exposição a alimentos densamente energéticos e altamente palatáveis, como os fast foods e alimentos processados nesta faixa etária, vou resumir aqui alguns pontos importantes de um artigo recentemente publicado sobre estratégias para promover o desenvolvimento de preferências alimentares saudáveis em crianças de até 5 anos.

É sabido que nascemos com uma predileção por alimentos ricos em açúcares. O desenvolvimento do paladar para outros sabores, como amargo e azedo, por exemplo, precisa ser estimulado.

Basicamente, três estratégias podem ser usadas para esta finalidade: exposição repetida, diversidade na alimentação e condicionamento associativo. Segue abaixo o significado de cada estratégia.

EXPOSIÇÃO REPETIDA

Inúmeros estudos têm demonstrado que a exposição repetida a uma variedade de alimentos é bastante eficaz na promoção da aceitação de novos alimentos.

Durante o período do pré-natal, estímulos olfatórios e gustatórios são transferidos da mãe para o bebê, e a exposição repetida a estes estímulos influencia na resposta alimentar após o nascimento.

Estudos realizados em animais mostram que uma dieta rica em gordura durante a gestação aumenta a preferência por doces e alimentos ricos em gordura na prole.

Também durante a amamentação, diversos sabores são transferidos pelo leite da mãe para o bebê.

A aceitação para novos alimentos diminui progressivamente após o nascimento e, entre 2 a 5 anos, ocorre uma maior rejeição ao novo, coincidindo com a maior autonomia da criança.

Por isso, a exposição precoce é importante por ser o período de maior receptividade a novos sabores.

Estipula-se que, entre os 2 a 5 anos, cerca de 15 exposições do mesmo alimento são necessárias para que a criança comece a aceitá-lo em sua alimentação.

Também, ofertar um novo alimento nos intervalos das principais refeições aumenta a probabilidade de aceitação da criança.

Além disso, crianças tendem a aumentar a aceitação de um novo alimento quando o lanche for apenas uma opção, por exemplo uma fruta, ao invés de uma fruta e um salgadinho.

DIVERSIDADE NA ALIMENTAÇÃO

Uma exposição diversificada aos alimentos saudáveis começando no período pré-natal e persistindo durante a amamentação facilita a introdução de novos alimentos saudáveis no cardápio da criança.

Os estudos mostram que a chance de a criança aceitar um novo alimento é maior quando ela é exposta a uma variedade de alimentos saudáveis do que apenas um tipo de fruta ou vegetal.

Infelizmente, a maioria dos pais acaba não insistindo na introdução de novos alimentos quando a criança o rejeita inicialmente, tanto para contenção de custos quanto por economia de tempo.

CONDICIONAMENTO ASSOCIATIVO

Os bebês ou crianças também podem aprender a gostar de determinado alimento através do condicionamento associativo, ou seja, alimentos em que o bebê ou a criança sabidamente aprecia oferecido junto com alimentos novos.

Resumindo...

Apesar da nossa preferência naturalmente adquirida por alimentos doces, é possível modificar os padrões alimentares de acordo com o tipo de alimentação instituída.

Respondendo à pergunta inicial deste post, os pais podem e devem oferecer alimentos integrais aos filhos tendo em vista que a exposição precoce (começando já no pré-natal) aumenta a probabilidade de aquisição de preferências alimentares saudáveis.

Entretanto, o desenvolvimento do paladar é plástico, podendo-se mudar as preferências alimentares, mesmo em adultos, através da exposição repetida a determinados alimentos sob diversas preparações.

Por isso, o engajamento de toda a família é importante no processo de aquisição de hábitos saudáveis!



Referência

Promoting healthy food preferences from the start: a narrative review of food preference learning from the prenatal period through early childhood. Obes Rev 2018 Apr;19(4):576-604

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Lido 663 vezes Última modificação em Quinta, 16 Maio 2019 08:15

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