Na última década, especialmente, tem havido um crescente interesse pelas ações e repercussões da vitamina D. Parte desse interesse advém da descrição da associação da vitamina D com algumas doenças inflamatórias, cardiovasculares, mortalidade e alguns tipos de câncer.
Sabe-se que a vitamina D pode ser produzida a partir da conversão à sua forma ativa após exposição solar, a partir de alguns alimentos ou a partir de fórmulas comercialmente disponíveis.
Em relação às fontes dietéticas, poucos alimentos naturalmente contêm ou são enriquecidos com vitamina D. As principais fontes incluem peixes oleosos como salmão de água fria e arenque, sardinha em conserva, gema de ovo, óleo de fígado de bacalhau, dentre outros.
Quanto à exposição solar, estima-se que a exposição dos membros superiores e inferiores durante 5 a 30 minutos (dependendo da estação, da latitude e da pigmentação da pele), no mínimo duas vezes por semana, frequentemente é adequada. Entretanto, é importante salientar que a dose mínima necessária para a adequada produção de vitamina D sem aumento do risco de câncer de pele e fotodano permanece desconhecida. Além disso, o uso de protetor solar FPS 15 reduz a conversão da vitamina D em 95%.
A deficiência de vitamina D (definida como vitamina D abaixo de 20 ng/ml) apresenta uma elevada prevalência mundialmente. Na América do Sul, um gradiente é observado com valores maiores em países próximos ao Equador, com redução progressiva dos níveis conforme o aumento da latitude.
No Brasil, poucos estudos têm sido conduzidos. Estima-se que a média da população encontra-se próxima a 19 ng/ml, sendo que no Rio Grande do Sul, essa média é ainda menor: 14 ng/ml.
A deficiência de vitamina D está associada a repercussões ósseas, sobretudo raquitismo (defeito na mineralização do esqueleto em crianças), osteopenia e osteoporose em adultos.
Ações extra-esqueléticas tem sido descritas em estudos observacionais como, por exemplo, a associação da deficiência de vitamina D com uma série de doenças auto-imunes e inflamatórias, como lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide, diabete melito tipo 1, esclerose múltipla, psoríase, doença de Crohn, dentre outras. Da mesma forma, diversos tipos de câncer, como linfomas, câncer de próstata, cólon, ovário e mama, estão sendo descritos em associação com baixos níveis de vitamina D.
Apesar da crescente publicação de estudos associando baixos níveis de vitamina D com doenças crônico-degenerativas, auto-imunes, cardiovasculares, mortalidade e câncer, até o presente momento, não há evidência suficiente para sua prescrição com estes fins.
O único benefício comprovado para seu uso atualmente é para proteção óssea em populações suscetíveis. Portanto, embora a prevalência de deficiência de vitamina D seja considerada elevada, o screening bem como o tratamento deve ser individualizado.
Fonte: Evaluation, Treatment, and Prevention of Vitamin D Deficiency: an Endocrine Society Clinical Practice Guideline. J Clin Endocrinol Metab. 2011 Jul;96(7):1911-30
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