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Sexta, 28 Junho 2019 07:33

Cafeína para perda de peso: funciona? Destaque

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A busca por recursos para auxiliar na perda de peso tem crescido em paralelo à epidemia de obesidade. Muitos suplementos ditos “naturais” são vendidos com a promessa de acelerar o metabolismo e auxiliar na queima de gordura, sendo chamados de termogênicos.

 

Dos suplementos vendidos para perda de peso, a cafeína é o item mais frequentemente encontrado, sendo vendida como cápsula ou à granel. A cafeína está presente naturalmente em grãos de café e no chá verde (principais fontes), sendo considerada a bebida estimulante mais consumida no mundo.

 

Em relação a seus potenciais efeitos especificamente sobre a perda de peso, a cafeína atua, por diferentes mecanismos, sobre a ingestão alimentar e o gasto calórico.

 

Através da inibição das fosfodiasterases, a cafeína ocasiona um aumento dos níveis de catecolaminas que induzirão lipólise (queima de gordura) no tecido adiposo, aumentando, portanto, a oxidação de gordura.

 

Alguns estudos também demonstraram aumento da taxa metabólica de repouso, principal componente do gasto calórico, após o consumo de doses moderadas de cafeína.

 

Ainda a cafeína pode suprimir a fome e aumentar a saciedade por estimular o sistema nervoso simpático (SNS).

 

Mas qual o real impacto destas ações sobre a perda de peso?

O aumento do gasto calórico descrito com a cafeína é discreto, tendo relevância clínica questionável para indução significativa de perda de peso. Além disso, este efeito sobre o metabolismo foi verificado, na grande maioria dos estudos, em associação a outros compostos estimulantes do SNS, como a efedrina, não se podendo separar o efeito de um e de outro.

 

Quanto à supressão do apetite / aumento da saciedade, os estudos são ainda mais controversos, não demonstrando até o momento benefícios contundentes sobre a redução da ingestão alimentar.

 

A falta de consistência entre os estudos em demonstrar algum benefício com a suplementação de cafeína pode estar relacionada à influência dos fatores genéticos, idade, sexo, IMC e outros fatores que podem causar confusão na interpretação dos resultados.

 

Além disso, com o uso frequente, o indivíduo pode desenvolver tolerância levando ao consumo de doses cada vez maiores, podendo aumentar o risco de efeitos adversos, tais como elevação da pressão arterial, agitação psicomotora, insônia, dentre outros. Ainda, alguns indivíduos são mais sensíveis aos efeitos da cafeína, mesmo com o consumo de doses baixas, estando mais suscetíveis aos seus efeitos indesejáveis.

 

Também é importante ressaltar que muito frequentemente estes suplementos “naturais” são vendidos como blends (misturas) de vários componentes, muitos não sendo declarados no rótulo e com potencial adicional de risco, como estimulantes do sistema nervoso central, diuréticos, hormônios da tireoide, etc.

 

Portanto, a prescrição de cafeína como recurso isolado para perda de peso carece de evidência para tratamento da obesidade!

 

 

Referências

1. Obesity and thermogenesis related to the consumption of caffeine, ephedrine, capsaicin, and green tea. Am J Physiol Regul Integr Comp Physiol. 2007 Jan;292(1):R77-85.

2. The effect of caffeine, green tea and tyrosine on thermogenesis and energy intake. Eur J Clin Nutr. 2009 Jan;63(1):57-64.

3. The effect of caffeine on energy balance. J Basic Clin Physiol Pharmacol 2017; 28(1): 1–10

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Lido 5106 vezes Última modificação em Quarta, 03 Julho 2019 20:30

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