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Domingo, 25 Junho 2017 14:22

"Gordura no fígado": qual o melhor tratamento? Destaque

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Doença hepática gordurosa não alcoólica, mais popularmente conhecida como "gordura no fígado", representa a doença hepática mais comum no mundo.

É caracterizada por uma infiltração gordurosa que pode estar associada a uma inflamação no fígado na ausência de causas secundárias como ingestão significativa de álcool*, uso de algumas medicações, como corticoide, ácido valproico, alguns antirretrovirais, amiodarona, e doenças hereditárias que possam causar dano progressivo ao fígado, conforme figura abaixo.

A importância desta condição recai sob o fato de estar associada à doença hepática terminal, como cirrose e maior risco de câncer de fígado.

Estima-se que 15 a 30% da população adulta em geral apresenta doença hepática gordurosa não alcoólica. Entretanto, sua presença pode subir para 50% em pacientes com diabetes tipo 2 e para 90% em pacientes com obesidade. Isso porque tanto o diabetes tipo 2 quanto a obesidade caracterizam-se por um estado de maior resistência à ação da insulina, fator associado a um maior acúmulo de gordura hepática, com consequente maior dano ao fígado.

E o problema, infelizmente, não se restringe apenas aos adultos: é estimado que cerca de 10% das crianças acima do peso apresentem gordura no fígado!

Parte do conteúdo de gordura no fígado é oriunda de ácidos graxos liberados do tecido adiposo e parte pela produção de gordura pelo próprio fígado e pela alimentação.

Tendo em vista que a qualidade dos alimentos é importante no manejo desta condição, modificações em hábitos alimentares têm mostrado importante impacto tanto na prevenção quanto no tratamento da doença hepática gordurosa não alcoólica.

Dessa forma, as recomendações atuais reforçam a importância de reduzir a ingestão total de calorias, sobretudo sob a forma de gorduras saturadas e açúcares refinados.

Para se ter uma ideia da importância do controle do peso, uma perda de peso de apenas 3 a 5% é capaz de melhorar a infiltração de gordura, sendo que uma perda maior que 10% melhora a inflamação hepática.

Em relação à dieta ideal para o tratamento desta condição, a dieta do Mediterrâneo, baseada em frutas, vegetais, legumes, grãos e cereais de baixo índice glicêmico e gorduras insaturadas oriundas dos peixes, azeite de oliva e oleaginosas como a principal fonte de gordura e pobre em gordura saturada oriunda sobretudo da carne vermelha, tem apresentado resultados bastante favoráveis na redução da inflamação do fígado.

A redução do consumo de gordura saturada, portanto, reduz diretamente o incremento de gordura ao fígado, contribuindo para o controle da doença.

Já a gordura poli-insaturada, oriunda principalmente de fontes como peixes de água fria (sardinha, salmão, arenque), linhaça e canola contribuem para a redução da produção de gordura hepática assim como reduzem a inflamação nas células do fígado.

As gorduras monoinsaturadas, oriundas de fontes como oleaginosas (amendoim, castanhas, nozes), azeite de oliva e abacate, potencializam a ação anti-inflamatória das gorduras polinsaturadas.

Quanto ao uso de medicações e/ou vitaminas para esta condição, a maioria dos tratamentos testados não foram efetivos na redução da inflamação e fibrose hepática. A vitamina E, entretanto, mostrou-se benéfica para um grupo bastante selecionado de pacientes (pacientes com comprovação de doença hepática gordurosa não alcoólica por meio de biópsia, após exclusão de causas secundárias e sem diabetes).

Portanto, a melhor conduta sempre será aquela focando na PREVENÇÃO desta condição, priorizando medidas de controle do peso, alimentação saudável e atividade física regular.

Para aqueles pacientes em que a doença já está instalada, o melhor TRATAMENTO consiste em perda de peso, possibilitando na maioria das vezes uma reversão parcial ou completa desta condição!!

Causas de doença hepática gordurosa não alcoólica

*Ingestão significativa de álcool: embora a definição de consumo excessivo de álcool varie na literatura, a Sociedade Americana de Gastroenterologia considera significativa e com potencial de dano ao fígado uma ingestão superior a 21 drinques (doses) por semana para homens e 14 drinques por semana para mulheres.

Um drinque ou uma dose de bebida alcoólica equivale a aproximadamente 10 gramas de álcool.

Fontes:

1. The Diagnosis and Management of Non-alcoholic Fatty Liver Disease: Practice Guideline by the American Gastroenterological Association, American Association for the Study of Liver Diseases, and American College of Gastroenterology. Gastroenterology 2012;142:1592–1609.

2. Mediterranean diet and nonalcoholic fatty liver disease: molecular mechanisms of protection. Int J Food Sci Nutr. 2017 Feb;68(1):18-27

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Lido 2106 vezes Última modificação em Terça, 26 Março 2019 17:15

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