Ingerir água durante a refeição não dilui o suco gástrico, não dilata o estômago e não atrapalha a absorção de nutrientes!
Pelo contrário, ingerir água antes ou durante as refeições auxilia na redução da ingestão de alimentos pois aumenta a saciedade e, dessa forma, favorece a perda de peso em pacientes em processo de emagrecimento.
Para ganho de massa muscular são necessários alguns pré-requisitos:
1. Dieta com quantidade apropriada de proteína (não em excesso), fracionada ao longo do dia;
2. Exercício físico resistido (musculação, por exemplo);
3. Ingestão controlada de bebidas alcoólicas;
4. Uma boa noite de sono!
A cirurgia bariátrica é a intervenção mais efetiva no longo prazo para o tratamento de pacientes com obesidade grave, ou seja, índice de massa corporal maior ou igual a 40 kg/m², levando a uma perda média do excesso de peso de 31% em 3 anos. Entretanto, aproximadamente 10 a 20% dos pacientes apresentam recuperação significativa do peso após a cirurgia. Dos fatores implicados nesta recuperação do peso, a falta de adesão a uma alimentação saudável parece ser o fator mais importante!! Por isso, manter um acompanhamento no longo prazo com uma equipe multidisciplinar é fundamental!
O ganho de peso é um efeito adverso que pode ocorrer com o uso de medicações para tratamento de problemas psiquiátricos, destacando-se a classe dos antidepressivos e antipsicóticos. Alguns antidepressivos podem causar desde um discreto aumento do peso a um ganho superior a 10% do peso inicial em indivíduos suscetíveis.
Vale ressaltar que este efeito indesejável sobre o peso não está relacionado à efetividade do antidepressivo, podendo ocorrer com diferentes doses e também em indivíduos em uso destas medicações para tratamento de outros transtornos, como dores neuropáticas e distúrbios de ansiedade.
São vários os mecanismos responsáveis pelo ganho de peso, sendo o principal o aumento do apetite e consequentemente uma maior ingestão de alimentos mais palatáveis, isto é, aqueles com maior teor de açúcar e gordura.
Alguns antidepressivos causam também uma sensação de boca seca e consequentemente maior ingestão de líquidos, especialmente bebidas açucaradas, associadas a maior adiposidade visceral (obesidade abdominal), piora do perfil lipídico e maior resistência insulínica.
Por fim, uma redução do metabolismo tem sido descrita com o uso dos tricíclicos, uma classe mais antiga de antidepressivos.
Apesar de todos estes mecanismos contribuírem para o ganho de peso, o efeito exato do antidepressivo sobre o peso é difícil de quantificar uma vez que o distúrbio psiquiátrico em si pode causar alterações no apetite. Além disso, indivíduos com problemas psiquiátricos podem fazer menos exercícios e serem menos ativos nas suas atividades rotineiras pela sua condição em si, contribuindo para o ganho de peso.
Em síntese, deve-se, sempre que possível, dar preferência à prescrição de antidepressivos com efeito neutro ou mesmo que contribuam para perda de peso em indivíduos com sobrepeso ou obesidade.
O ganho de peso observado no início do tratamento é um forte preditor de ganho no longo prazo. Dessa forma, recomenda-se reavaliar o tratamento quando houver um aumento do peso superior a 5% após o primeiro mês. Não sendo possível a troca da medicação, medicações que auxiliem no controle do apetite / saciedade podem ser associadas ao esquema atual. Por isso, o acompanhamento com um médico endocrinologista é fundamental nestes casos.
Além disso, intervenções não farmacológicas para prevenção e manejo do peso em indivíduos de risco, incluindo aconselhamento dietético, programas de exercícios e estratégias cognitivas-comportamentais, devem ser sempre estimuladas.
Referência:
Drug‑induced obesity and its metabolic consequences: a review with a focus on mechanisms and possible therapeutic options. J Endocrinol Invest. 2017 Nov;40(11):1165-1174
Existe efeito rebote com as medicações para tratamento da obesidade? Por se tratar de uma doença crônica e com tendência à recidiva, a instituição da terapia farmacológica aumenta a chance de sucesso do tratamento no longo prazo em indivíduos com pobre resposta às mudanças no estilo de vida. Considerando que estas medicações não atuam de forma irreversível no organismo, a suspensão das mesmas favorece, ao longo do tempo, o aumento da ingestão alimentar com recidiva do peso perdido. Por isso, o uso de fármacos para tratamento da obesidade costuma ser mantido no longo prazo, sob supervisão periódica do médico especialista.
Estima-se que 15 a 30% da população adulta apresenta gordura no fígado, podendo chegar a 50% em pacientes com diabetes tipo 2 e a 90% em pacientes com obesidade. E o problema, infelizmente, não se restringe apenas aos adultos: é estimado que cerca de 10% das crianças acima do peso apresentem gordura no fígado! O principal tratamento continua sendo a perda de peso: uma perda de apenas 3 a 5% é capaz de melhorar a infiltração de gordura enquanto uma perda superior a 10% é capaz de melhorar a inflamação hepática!
A menopausa compreende a fase da vida da mulher em que ocorre ausência de ciclos menstruais por 12 meses consecutivos, ocorrendo naturalmente por volta dos 51 anos de idade.
A terapia de reposição hormonal (TRH) está indicada para mulheres com menos de 60 anos ou que estejam na menopausa há menos de 10 anos e que apresentem sintomas vasomotores significativos (calorões) e que não apresentem contra-indicações ao tratamento.
Preocupações com o ganho de peso com a TRH é uma razão comum para as mulheres não quererem usá-la. Aproximadamente 20% das mulheres abandonam o tratamento por atribuírem o seu ganho de peso à TRH.
De acordo com um grande estudo realizado em mulheres na menopausa, aquelas que receberam TRH apresentaram menor perda de massa muscular e um menor aumento da circunferência abdominal em relação àquelas que não usaram TRH.
O ganho de peso frequentemente referido nesta fase, sobretudo a maior adiposidade na região do abdome, ocorre em virtude da redução dos níveis de estrogênio circulantes. Além disso, uma redução da taxa metabólica basal (que corresponde às necessidades calóricas diárias) ocorre em paralelo à redução da massa muscular que se torna mais pronunciada após os 50 anos.
Conforme dados da literatura, as mulheres que entram na menopausa tendem a ganhar em média 3 kg de gordura e 6 cm de circunferência abdominal, com uma redução variável da massa muscular, alterações que predispõem ao ganho de peso.
A TRH não evita o ganho de peso nas mulheres pós-menopáusicas, embora possa minimizar a redistribuição de gordura abdominal mencionada anteriormente.
Então, ao contrário do que se pensa, a terapia de reposição hormonal com estrogênio e progesterona pode ter algum efeito benéfico sobre a perda de massa muscular e sobre o menor ganho de gordura que ocorre na menopausa.
Seu uso, portanto, não está associado ao ganho de peso. O ganho de peso ocorre pelas alterações fisiológicas próprias da idade.
O tratamento com reposição hormonal em mulheres na menopausa, quando indicado, não deve ser evitado pelo medo do ganho de peso.
Para minimizar o ganho de peso que comumente ocorre no período do climatério e da menopausa, é importante iniciar ou aumentar a frequência e a intensidade da atividade física (para preservação da massa magra e perda da massa gorda) associado a uma dieta individualizada às necessidades calóricas diárias de cada paciente.
Referências
1. Oestrogen and progestogen hormone replacement therapy for peri-menopausal and post-menopausal women: weight and body fat distribution. Cochrane Database Syst Rev. 2000.
2. Effects of estrogen or estrogen/progestin regimens on heart disease risk factors in postmenopausal women. The Postmenopausal Estrogen/Progestin Interventions (PEPI) Trial. The Writing Group for the PEPI Trial. JAMA. 1995;273(3):199-208.
3. The menopause and obesity. Lovejoy JC . Prim Care. 2003 Jun;30(2):317-25.
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