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Problemas com o álcool podem ocorrer entre 10 a 20% dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica.

Alguns estudos sugerem que a cirurgia bariátrica possa aumentar o risco de transtornos com o álcool (uso abusivo e dependência) por alterar o metabolismo do álcool após o procedimento. De fato, muitos pacientes referem maior sensibilidade ou menor tolerância aos efeitos do álcool após a cirurgia. Isso porque a cirurgia bariátrica, em especial o bypass gástrico ou cirurgia de desvio do trânsito intestinal, aumenta a absorção do etanol após a sua ingestão, elevando rapidamente a sua concentração na corrente sanguínea. Dessa forma, os pacientes manifestam mais facilmente os sinais de embriaguez durante e logo após o consumo.

O risco de transtornos com o álcool é maior especialmente entre indivíduos mais jovens com histórico de problemas com o álcool ou outras drogas de abuso antes da cirurgia. Além disso, a presença de problemas psiquiátricos, especialmente depressão, transtorno de ansiedade e de compulsão alimentar e uma história familiar de dependência são fatores de risco adicionais.

Conforme um estudo realizado em mulheres submetidas ao bypass gástrico, o pico de concentração do álcool na corrente sanguínea foi aproximadamente 2 vezes maior assim como os sinais de embriaguez em relação ao grupo de mulheres controles (sem terem sido submetidas à cirurgia). Neste mesmo experimento, o pico de concentração de álcool após a ingestão de 2 drinks excedeu o limite considerado pelo Instituto Nacional sobre Abuso de Álcool e Alcoolismo como critério para consumo excessivo de álcool.

Os estudos sobre a farmacocinética do álcool após a cirurgia para a perda de peso, especialmente o bypass gástrico, demonstram que tanto o pico de concentração, quanto a velocidade para que ocorra este pico são maiores após a cirurgia. Ainda, o tempo de retorno ao estado sóbrio é maior nestes indivíduos. Estas alterações, em conjunto, tornam estes mais suscetíveis aos efeitos danosos do álcool, mesmo após uma ingestão de doses consideradas seguras para indivíduos não submetidos ao procedimento.

Portanto, este é um assunto de extrema relevância que deve ser debatido com todos os pacientes que estão considerando a cirurgia bariátrica como uma opção para o manejo do peso! Apesar de considerada a opção mais efetiva no longo prazo para controle do peso entre indivíduos com obesidade grave, a cirurgia oferece riscos que precisam ser claramente expostos ao paciente. O rastreamento em relação ao consumo de álcool e de outras drogas deve ser ativo e, independentemente do histórico de consumo, os pacientes devem ser instruídos sobre os efeitos potenciais da cirurgia bariátrica sobre o risco de transtornos com o álcool.

Referências

1. Problematic Alcohol Use and Associated Characteristics Following Bariatric Surgery. Obes Surg 2018 May;28(5):1248-1254.

2. Alcohol and other substance use after bariatric surgery: prospective evidence from a US multicenter cohort study. Surg Obes Relat Dis. 2017;1392–1402.

3. Effect of Roux-en-Y Gastric Bypass Surgery: Converting 2 Alcoholic Drinks to 4. JAMA Surg 2015 Nov;150(11):1096-8.

4. Prevalence of alcohol use disorders before and after bariatric surgery. JAMA 2012 Jun 20; 307(23): 2516-25.

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Muitos pacientes ficam em dúvida sobre o que fazer durante as férias em relação ao controle do peso, pois este é um período em que a maioria das pessoas relaxa e aproveita para comer e beber à vontade.

Durante as férias, normalmente saímos da nossa rotina, por isso estabelecer metas mais razoáveis parece ser a melhor saída.

Procure manter o peso em vez de perdê-lo! Volte a concentrar-se no emagrecimento no retorno.

Importante entender que não comemos apenas por fome. O ato de comer envolve aspectos sociais, emocionais e culturais. Por isso, é importante socializar e experimentar novos alimentos quando estamos viajando e conhecendo outra cultura. Dessa forma, podemos fazê-lo em porções pequenas e as dividindo com o cônjuge ou amigo.

Além disso, é possível levar na viagem lanches pouco calóricos para evitar os beliscos indesejáveis ao longo do dia.

Por fim, o aumento do gasto calórico com atividades prazerosas durante as férias ajuda na queima das calorias extras que normalmente ingerimos quando estamos fora da nossa rotina.

Antes de viajar, planeje suas metas de alimentação e de atividade física. Planejar facilita o cumprimento dos seus objetivos.

E lembre-se de que a cada viagem vamos aperfeiçoando as estratégias para controle do peso. Entenda que o controle do peso é uma habilidade que requer tempo e experiência, além de muita prática para desenvolver novos comportamentos e capacidades.

Aprenda com as suas experiências. Avalie o que o ajudou e o que poderia ser diferente. Na próxima vez, faça os devidos ajustes.

Boas férias!

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Terça, 26 Março 2019 14:46

Vacinação no paciente com diabetes

Uma das formas mais efetivas de se reduzir o risco de infecções é através da imunização.

Pacientes com diabetes podem apresentar alterações no sistema imunológico com maior risco de complicações, hospitalizações e mortalidade após uma infecção por influenza (gripe) e pneumococo. A influenza é uma infecção viral aguda de elevada transmissibilidade.

Por isso, recomenda-se que pacientes com diabetes sejam vacinados contra o vírus influenza uma vez por ano durante o outono.

Importante ressaltar que a vacina contém cepas inativadas, fragmentadas e purificadas do vírus Myxovirus influenzae, sendo portanto bastante segura, não conferindo risco de causar gripe ou outras doenças respiratórias.

Outra vacina fortemente recomendada é contra o pneumococo (Streptococcus pneumoniae), uma bactéria causadora de doenças como pneumonia, meningite, otite e septicemia (infecção generalizada). A vacina contém polissacarídeos capsulares bacterianos purificados, não contendo nenhum componente viável.

Pacientes com diabetes são mais suscetíveis a infecções pneumocócicas e estão em risco aumentado de complicações com esta infecção, especialmente aqueles com mais de 65 anos, com doença cardiovascular, pulmonar e renal crônica.

Por isso, todos os pacientes devem receber uma dose única da vacina conjugada pneumocócica 13-valente. Para aqueles com mais de 65 anos que receberam uma dose antes dessa idade devem receber um reforço.

A vacina pneumocócica pode ser administrada com outras vacinas (por meio de uma injeção separada em outro sítio anatômico) sem aumento dos efeitos colaterais ou diminuição da eficácia.

Ambas as vacinas estão disponíveis gratuitamente para pacientes com doenças crônicas como o diabetes nos postos de vacinação do SUS.

Por fim, não existem níveis glicêmicos que contra-indiquem a vacinação!

Referências

1. Influenza and Pneumococcal Immunization in Diabetes. Diabetes Care 2004 Jan; 27(suppl 1): s111-s113

2. 20ª Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza 2018. http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/abril/18/Informe-Cp-Influenza---01-03-2018-Word-final-28.03.18%20final.pdf

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Um experimento bastante interessante conseguiu reproduzir o que intuitivamente sabemos quando fazemos compra no mercado com fome.

Estudo conduzido na universidade de Johns Hopkins, Baltimore / EUA, avaliou a capacidade de concentração dos participantes para a execução de tarefas relativamente simples conforme a figura abaixo.

Os participantes foram instruídos a descrever, tão rapidamente quanto possível, os símbolos (letras e números) em ordem em que apareciam enquanto imagens de comida e de objetos inanimados eram simultaneamente mostradas.

Imagens contendo alimentos ricos em gordura e açúcar, como sorvetes, bolos, cachorros-quentes, distraíram a atenção, interferindo no desempenho da tarefa mais frequentemente do que imagens de frutas, saladas ou objetos não relacionados à comida.

Ainda, os investigadores repetiram o mesmo experimento após os participantes terem recebido um lanche rico em açúcar e gordura: uma barrinha de doce.

O interesse pelas imagens de alimentos altamente calóricos reduziu e o desempenho dos participantes melhorou significativamente após este pequeno lanche.

Este estudo demonstra como a nossa atenção pode ser plenamente distraída por estímulos externos, como alimentos densamente energéticos e palatáveis (ricos em açúcares e gorduras), sobretudo quando estamos com fome, e que esta distração ocorre de forma não intencional.

Por isso, fazer um lanche antes de ir ao mercado, por exemplo, reduz o risco de você comprar um chocolate quando na verdade o objetivo era um brócolis para a janta.

Fazer escolhas mais saudáveis pode ser muito difícil quando a barriga está roncando!

Referência

The capture of attention by entirely irrelevant pictures of calorie-dense foods. Psychon Bull Rev 2018 Apr;25(2):586-595

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Estima-se que apenas 20% dos indivíduos com obesidade conseguem manter uma perda de peso superior a 10% do peso inicial por pelo menos 1 ano.

Mesmo parecendo pouco, uma perda superior a 5 a 10% do peso inicial, desde que mantida, é considerada suficiente para melhorar diversos parâmetros metabólicos.

Embora não exista um consenso sobre a melhor definição do que seria considerada uma perda de peso efetiva ou suficiente, algumas definições têm sido usadas para a fase de manutenção:



Alguns fatores têm sido associados a maior chance de manutenção do peso no médio e longo prazos.

O The National Weight Control Registry (Registro Nacional de Controle do Peso Americano) consiste no maior banco de dados de pacientes que perderam peso e o mantiveram no longo prazo. O objetivo é tentar identificar nestes indivíduos os fatores associados a maior chance de manutenção do peso, fornecendo informações sobre as estratégias usadas para alcançar e manter a perda no longo prazo.

Estes participantes perderam em média 33 kg com manutenção desta perda por pelo menos 5 anos e relataram mais frequentemente: 1. Autopesagem regular (1 ou 2 vezes por semana); 2. Maior nível de exercício físico (aproximadamente 1 hora/dia); 3. Manutenção de uma dieta hipocalórica, com manutenção do padrão alimentar relativamente semelhante entre a semana e nos finais de semana; 4. Ingestão regular de café da manhã e 5. Tempo em frente à TV inferior a 10 horas por semana.

Abaixo, descrevo mais detalhadamente os principais fatores identificados pelos estudos sobre o tema.

MONITORAMENTO FREQUENTE ATRAVÉS DA AUTOPESAGEM

Manter uma rotina regular de pesagem semanal (1 ou 2 vezes por semana) como parte de um programa para perda e manutenção do peso auxilia no autocontrole e na vigilância constante sobre a alimentação.

EXERCÍCIO FÍSICO REGULAR

A manutenção do peso é dificultada pela redução do gasto energético induzida pelo emagrecimento. Uma perda de 10% do peso inicial promove, em média, uma redução de 200 kcal ao dia no gasto calórico, enquanto perdas maiores promovem reduções ainda maiores do gasto calórico. Isso significa que um indivíduo que conseguiu perder 10% do seu peso precisará comer 200 kcal a menos por dia para conseguir manter o novo peso.

Nesse sentido, o exercício atua para contrabalançar essa redução do gasto calórico. Por isso a necessidade de exercícios regulares numa quantidade muito maior do que para indivíduos que nunca perderam peso: 200 a 300 minutos versus 150 minutos semanais, respectivamente.

ADESÃO À DIETA

A adesão à dieta é o principal preditor de perda e manutenção do peso no longo prazo.

Para uma perda efetiva de peso, mais importante do que a composição dos macronutrientes (proteína vs gordura vs carboidratos) é a restrição calórica com o objetivo de induzir um déficit de calorias. Por isso, aderir ao plano alimentar é fundamental.

Dessa forma, uma avaliação personalizada que leve em consideração as preferências individuais do paciente, seus aspectos culturais, sociais e econômicos aumentará a chance de sucesso.

Para manutenção do peso, os estudos disponíveis sugerem que uma dieta com maior teor de proteínas e com carboidratos de baixo índice glicêmico (carboidratos com absorção e digestão mais lenta pelo organismo) são superiores às demais abordagens dietéticas por promoverem maior sensação de saciedade.

O hábito de tomar café da manhã, embora não obrigatório para todos os pacientes, associa-se a menor chance de lanches não programados e pouco saudáveis ao longo do dia.

ACOMPANHAMENTO REGULAR COM O ESPECIALISTA

A vigilância contínua do paciente é essencial para o sucesso do tratamento. As visitas de acompanhamento com o médico endocrinologista, com a nutricionista e/ou com o psicólogo são importantes para identificar possíveis dificuldades, corrigir falhas, planejar os próximos passos e estabelecer metas.

Por isso a importância da conscientização por parte dos pacientes de que a obesidade é uma doença crônica com tendência à recidiva se não houver este acompanhamento no médio e longo prazo.

Conforme dados da literatura, a manutenção da perda de peso pode ficar mais fácil com o tempo, uma vez que as mudanças comportamentais começam a se tornar uma rotina. Indivíduos que conseguem manter o seu peso depois de pelo menos 2 anos apresentam uma chance maior de sucesso no longo prazo.

Resumindo, a manutenção do peso com modificações no estilo de vida, embora desafiadora, é possível mas requer acompanhamento multidisciplinar no longo prazo para reforçar aspectos da dieta, da atividade física e das mudanças comportamentais. A adição da farmacoterapia às intervenções no estilo de vida promove maior e mais sustentada perda de peso, mas exige supervisão médica para monitoramento dos potencias riscos e efeitos adversos com o tratamento.

Referências

1. Long term maintenance of weight loss with non-surgical interventions in obese adults: systematic review and meta-analyses of randomised controlled trials. BMJ 2014; 348: 2646.

2. Weight maintenance: challenges, tools and strategies for primary care physicians. Obesity Reviews 2016; 17, 81–93.

3. The National Weight Control Registry - http://www.nwcr.ws/

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Segunda, 23 Abril 2018 14:44

Quantos anos a menos de vida você tem?

Conforme as estatísticas mais recentes, nos últimos 15 anos, houve um aumento de 48% na prevalência de obesidade entre os americanos, sendo estimada em 5 a 15% a mortalidade anual em decorrência dessa doença. No Brasil, o número de pessoas acima do peso aumentou em 26% nos últimos 10 anos, acometendo atualmente 52,5% da população.

Estipula-se que o aumento da expectativa de vida ao longo dos últimos 20 anos possa chegar ao fim pelo crescente aumento na prevalência mundial da obesidade.

Para tentar avaliar o efeito do excesso de peso individualmente sobre o risco de morrer, pesquisadores americanos desenvolveram uma calculadora de risco baseado nos anos de vida esperados para uma pessoa com o peso adequado menos os anos de vida esperados pelo excesso de peso, ou seja, a redução da expectativa de vida atribuível à obesidade.

Para o diagnóstico de sobrepeso e obesidade com seus diferentes graus, o índice de massa corporal (IMC) foi calculado. Os anos de vida perdidos devido ao excesso de peso foram calculados para diferentes idades e separadas pelo sexo (homens x mulheres) e ajustados entre tabagistas ou não.

Para indivíduos com IMC superior a 30 kg/m² (obesidade), existe uma redução estimada de vida de 2 anos em decorrência do excesso de peso. Já para aqueles com obesidade moderada, ou seja, IMC superior a 35 kg/m², e grave, IMC superior a 40 kg/m², a redução estimada é de 4 e 6 anos a menos de vida, respectivamente.

Para todas as categorias de IMC, a estimativa de anos de vida perdidos foram piores para homens.

Os resultados são ainda mais alarmantes quanto mais jovem o indivíduo!

Para exemplificar: um homem de 20 anos com IMC de 45 kg/m² tem uma redução estimada de 13 anos na sua expectativa de vida.

Assumindo uma expectativa de vida de 73 anos (expectativa média de vida do brasileiro), isto traduz-se em redução de 18% na sua expectativa de vida total (de 73 para 60 anos).

O mesmo exemplo para uma mulher de 20 anos, traduz-se em redução de 8 anos de vida ou 11% (de 73 para 65 anos).

Portanto, a obesidade em si, independente de outros fatores de risco, é capaz de reduzir de forma marcante a expectativa de vida, especialmente entre os mais jovens!

*IMC (kg/m²): peso / (altura)²

Referências:

1. Years of life lost due to obesity. JAMA. 2003;289(2):187.

2. Forecasting the effects of obesity and smoking on U.S. life expectancy. N Engl J Med. 2009;361(23):2252

3. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009.

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Que a obesidade está associada a uma série de complicações sérias como o diabetes tipo 2, hipertensão arterial, doença cardiovascular, gordura no fígado, todos sabem.

Mas você já ouviu falar sobre a associação da obesidade com a doença de Alzheimer?

Pois então, além dos fatores de risco clássicos para esta doença neurodegenerativa, tais como idade avançada e acometimento de familiares de primeiro grau, o excesso de peso tem sido apontado como um potencial fator de risco modificável para a doença.

De acordo com um estudo recentemente publicado, indivíduos com obesidade na meia idade (~50 anos) apresentaram um risco maior de desenvolver alterações neurodegenerativas em relação àqueles com o peso adequado. Ainda, a presença de outros fatores de risco, como tabagismo, colesterol elevado, hipertensão arterial e diabetes tipo 2 aumentaram de forma aditiva a probabilidade destas alterações.

Mas afinal qual a relação entre a doença de Alzheimer e a obesidade?

Ambas apresentam uma série de alterações patológicas em comum.

A obesidade é uma doença caracterizada por um estado de inflamação crônica em todo organismo, incluindo o cérebro. Além disso, o excesso de peso é o principal causador da resistência insulínica, mecanismo responsável pelo diabetes tipo 2.

Nesse sentido, a disfunção metabólica relacionada à obesidade e à resistência insulínica comprometem o bom funcionamento cerebral sob múltiplas vias, resultando em última análise em deposição de amiloides, redução da plasticidade cerebral, da neurogênese (formação de novos neurônios) e redução do volume cerebral, alterações descritas também na doença de Alzheimer.

Além disso, a resistência insulínica no cérebro parece ser precoce (muitos anos antes de a doença de Alzheimer manifestar-se clinicamente), o que evidencia a importância de controlar os fatores de risco modificáveis, como o excesso de peso, o sedentarismo, uma alimentação nutricionalmente pobre, etc assim que identificados.

Dessa forma, uma vez que a obesidade é a causa primária da resistência insulínica, a prevenção ou o tratamento da obesidade consequentemente reduzirá a prevalência de indivíduos com pré-diabetes, diabetes tipo 2 e possivelmente o número de pacientes com declínio cognitivo, incluindo a doença de Alzheimer.

Como, até o momento, não existe um biomarcador confiável para identificar precocemente os pacientes com maior risco de desenvolver a doença de Alzheimer, tampouco uma intervenção farmacológica efetiva que possa evitar ou efetivamente tratar esta doença, estratégias simples e de baixo custo focando no controle do peso, em uma alimentação saudável e em exercícios regulares devem ser encorajadas e iniciadas na meia idade ou idealmente antes.

Prevenção sempre será o melhor tratamento!

*Obesidade é definida por um índice de massa corporal (IMC) maior ou igual a 30 kg/m²

Referências

1. Obesity as a risk factor for Alzheimer’s disease: weighing the evidence. Obesity Reviews 19, 269–280, February 2018

2. Association Between Midlife Vascular Risk Factors and Estimated Brain Amyloid Deposition. JAMA 2017 Apr 11;317(14):1443-1450. doi: 10.1001/jama.2017.3090.

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Impressiona como ainda hoje muitos pais ficam em dúvida se podem introduzir alimentos integrais aos filhos por serem crianças.

Tendo em vista a epidemia de crianças com excesso de peso e a grande exposição a alimentos densamente energéticos e altamente palatáveis, como os fast foods e alimentos processados nesta faixa etária, vou resumir aqui alguns pontos importantes de um artigo recentemente publicado sobre estratégias para promover o desenvolvimento de preferências alimentares saudáveis em crianças de até 5 anos.

É sabido que nascemos com uma predileção por alimentos ricos em açúcares. O desenvolvimento do paladar para outros sabores, como amargo e azedo, por exemplo, precisa ser estimulado.

Basicamente, três estratégias podem ser usadas para esta finalidade: exposição repetida, diversidade na alimentação e condicionamento associativo. Segue abaixo o significado de cada estratégia.

EXPOSIÇÃO REPETIDA

Inúmeros estudos têm demonstrado que a exposição repetida a uma variedade de alimentos é bastante eficaz na promoção da aceitação de novos alimentos.

Durante o período do pré-natal, estímulos olfatórios e gustatórios são transferidos da mãe para o bebê, e a exposição repetida a estes estímulos influencia na resposta alimentar após o nascimento.

Estudos realizados em animais mostram que uma dieta rica em gordura durante a gestação aumenta a preferência por doces e alimentos ricos em gordura na prole.

Também durante a amamentação, diversos sabores são transferidos pelo leite da mãe para o bebê.

A aceitação para novos alimentos diminui progressivamente após o nascimento e, entre 2 a 5 anos, ocorre uma maior rejeição ao novo, coincidindo com a maior autonomia da criança.

Por isso, a exposição precoce é importante por ser o período de maior receptividade a novos sabores.

Estipula-se que, entre os 2 a 5 anos, cerca de 15 exposições do mesmo alimento são necessárias para que a criança comece a aceitá-lo em sua alimentação.

Também, ofertar um novo alimento nos intervalos das principais refeições aumenta a probabilidade de aceitação da criança.

Além disso, crianças tendem a aumentar a aceitação de um novo alimento quando o lanche for apenas uma opção, por exemplo uma fruta, ao invés de uma fruta e um salgadinho.

DIVERSIDADE NA ALIMENTAÇÃO

Uma exposição diversificada aos alimentos saudáveis começando no período pré-natal e persistindo durante a amamentação facilita a introdução de novos alimentos saudáveis no cardápio da criança.

Os estudos mostram que a chance de a criança aceitar um novo alimento é maior quando ela é exposta a uma variedade de alimentos saudáveis do que apenas um tipo de fruta ou vegetal.

Infelizmente, a maioria dos pais acaba não insistindo na introdução de novos alimentos quando a criança o rejeita inicialmente, tanto para contenção de custos quanto por economia de tempo.

CONDICIONAMENTO ASSOCIATIVO

Os bebês ou crianças também podem aprender a gostar de determinado alimento através do condicionamento associativo, ou seja, alimentos em que o bebê ou a criança sabidamente aprecia oferecido junto com alimentos novos.

Resumindo...

Apesar da nossa preferência naturalmente adquirida por alimentos doces, é possível modificar os padrões alimentares de acordo com o tipo de alimentação instituída.

Respondendo à pergunta inicial deste post, os pais podem e devem oferecer alimentos integrais aos filhos tendo em vista que a exposição precoce (começando já no pré-natal) aumenta a probabilidade de aquisição de preferências alimentares saudáveis.

Entretanto, o desenvolvimento do paladar é plástico, podendo-se mudar as preferências alimentares, mesmo em adultos, através da exposição repetida a determinados alimentos sob diversas preparações.

Por isso, o engajamento de toda a família é importante no processo de aquisição de hábitos saudáveis!



Referência

Promoting healthy food preferences from the start: a narrative review of food preference learning from the prenatal period through early childhood. Obes Rev 2018 Apr;19(4):576-604

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Para maior chance de obtenção de resultados positivos durante o processo de emagrecimento e de manutenção de um menor peso no longo prazo, mudanças comportamentais são imprescindíveis.

Nesse sentido, a terapia cognitivo-comportamental direcionada para a modificação dos padrões individuais de comportamento aumenta a probabilidade de êxito do tratamento.

Confira abaixo 5 dicas de mudanças no comportamento que ajudarão no controle do peso:

1. Aumento da atenção durante a refeição

Estima-se que aproximadamente 30% dos pacientes acima do peso subestimam o que comem, provavelmente por não prestarem atenção no que estão ingerindo.

Por isso, é importante reduzir os estímulos que geram distração, como assistir TV, ler jornal ou acessar mídias sociais, durante uma refeição.

2. Controle dos estímulos

O estímulo visual desempenha um papel importante na ativação da vontade de comer.

Portanto, evite passar por locais no mercado sabidamente repleto de alimentos pouco saudáveis.

Além disso, planejar-se é essencial durante o processo de emagrecimento. Então, faça uma lista de compras e evite fazer compras antes das refeições, pois a fome aumenta nossa probabilidade de fazer escolhas menos saudáveis.

3. Evite pensamentos dicotômicos

Muitos pacientes acreditam que o sucesso do tratamento resume-se à redução absoluta do peso. Por isso, encaram o tratamento como “tudo ou nada”, ou seja, ou sigo a dieta 100% ou, já que escapei um dia, tudo está perdido e portanto, como falhei uma vez, melhor abandonar.

Quem me conhece sabe o quanto ressalto que o peso é uma consequência de um conjunto de mudanças instituídas (dietéticas, comportamentais e de estilo de vida) que vão invariavelmente levar a uma redução do peso.

O foco do emagrecimento tem que ser a mudança de hábitos e não a balança em si, embora esta seja uma ferramenta auxiliar do processo como um todo.

O processo de mudança comportamental consiste em um continnum de autocontrole, existindo categorias intermediárias que precisam ser consideradas e mantidas.

4. Evite pensamentos disfuncionais, como a desqualificação do positivo

Trata-se de uma distorção cognitiva em que o paciente enxerga apenas os aspectos negativos do seu comportamento. Exemplo: O paciente conseguiu manter o plano alimentar saudável na maioria dos dias da semana mas sente-se frustrado por não ter conseguido segui-lo por toda a semana.

Essa tendência em não valorizar melhoras graduais contribui para o desenvolvimento da baixa autoestima, uma vez que o paciente considera suas conquistas sempre insuficientes.

Esse comportamento pode contribuir para o abandono do tratamento pois o paciente não consegue perceber a evolução do seu quadro.

Portanto, valorize as pequenas conquistas diárias e procure ver o tratamento como um processo contínuo de aquisição de habilidades para o autocontrole.

5. Elabore metas factíveis que causem melhora significativa da saúde em geral

Muitos pacientes, sobretudo mulheres e pacientes jovens, desejam alcançar um peso muito abaixo do que precisariam, na maioria das vezes, por questões estéticas.

O desejo por metas difíceis de serem atingidas aumenta o sentimento de ansiedade e o risco de frustrações.

Dessa forma, é importante estabelecer com o médico e/ou nutricionista metas realistas que tenham impacto sobre a saúde em geral, como uma perda de pelo menos 10% do peso inicial.

Uma vez atingida esta meta inicial, pode-se então prosseguir com metas mais estreitas de acordo com a vontade do paciente.



Referência:

1. Importância de medidas cognitivo-comportamentais no tratamento da obesidade. Tratamento não farmacológico da obesidade e de suas comorbidades. Tratado de Obesidade 2ª edição, 2018.

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As oleaginosas, representadas pelas castanhas, nozes, avelãs, amendoim, amêndoas, dentre outras, são alimentos ricos em gordura insaturada, fibras, vitaminas e diversos compostos bioativos, tais como antioxidantes fenólicos (resveratrol) e fitoesterois com propriedades hipolipemiantes (redução da absorção do colesterol).

Uma associação positiva entre o consumo regular de oleaginosas com um risco reduzido de doença coronariana tem sido demonstrada em diversos estudos.

Por causa dessa constatação de benefício, a agência americana de regulação de medicamentos e alimentos (Food and Drug Administration - FDA) sugeriu que um consumo médio de 43 gramas por dia de oleaginosas, como parte de uma alimentação saudável, é capaz de reduzir o risco de doença cardíaca.

O amendoim, em especial, possui a maior quantidade de proteínas, por porção, quando comparado às demais oleaginosas. Além disso, aproximadamente metade da gordura presente no amendoim é monoinsaturada, um tipo de gordura que auxilia na redução do colesterol total e do LDL (colesterol ruim).

Além disso, mais recentemente descobriu-se que o amendoim é uma ótima fonte de resveratrol, um antioxidante da família dos polifenois, amplamente encontrado na semente da uva e no vinho tinto. Alguns estudos têm mostrado uma ação protetora desse antioxidante em relação a doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio e AVC, doenças neurodegenerativas, incluindo Alzheimer e câncer.

Mas o amendoim não pode dificultar a perda de peso ou mesmo levar a um ganho de peso? Questionam alguns pacientes.

O consumo moderado (entre 28 a 42 gramas por dia) de amendoim ou de oleaginosas em geral, como parte de uma alimentação saudável e equilibrada, não está associado ao ganho de peso. Pelo contrário, por ser rico em gordura (monoinsaturada), fibras e proteínas, o consumo regular de oleaginosas contribui para a sensação de plenitude e saciedade durante e após a perda de peso.

Apesar de todos os benefícios acima descritos, o amendoim pode estar contaminado por espécies de fungos, como o Aspergillus flavus, capazes de produzir toxinas, chamadas aflatoxinas, com potencial cancerígeno, em especial câncer de fígado.

Em uma pesquisa realizada no Paquistão para avaliar a presença destas micotoxinas em amostras de amendoim (cru, torrado e salgado), as aflatoxinas estavam presentes em 82% das amostras aleatoriamente analisadas!!

Por causa deste risco de contaminação durante o processo de colheita, transporte e armazenamento, em 2001, a ABICAB criou um programa chamado Pró-Amendoim para regulamentação da produção de amendoim.

Dessa forma, as empresas que atendem aos requisitos da legislação e fabricam produtos à base de amendoim totalmente seguros para o consumo recebem o selo Pró-Amendoim (figura abaixo).



*ABICAB - Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Balas e Derivados

Fontes:

1. Peanuts as functional food: a review. J Food Sci Technol (January 2016) 53(1):31–41

2. Association of Nut Consumption with Total and Cause-Specific Mortality. N Engl J Med 2013; 369:2001-2011

3. http://www.abicab.org.br/selo-de-qualidade/

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